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BARRA DO GARÇAS - É possível produzir e conservar?

No aniversário da cidade, entenda como Barra do Garças está conciliando produção agropecuária e preservação ambiental


Ponte sobre o Rio Araguaia, divisa de Aragarças (GO) e Barra Garças (MT) (Foto: Leonardo Vieira)


Barra do Garças concentra grande parte da produção e manufatura agrícola do Vale do Araguaia. Aqui também é nascedouro de diversas iniciativas públicas e privadas que visam desenvolver a produção rural e obter renda não como um oposto à preservação ambiental, mas como aliado.


Exemplo dessa modalidade de produção agrícola é o produtor rural Carlos Roberto Della, proprietário da Fazenda Paraná, nas proximidades da Serra do Roncador. A propriedade, apesar de extensa, não se dedica à produção extensiva de monocultura. É a diversidade que a torna uma referência nacional.


Tudo começou em 2010, quando o proprietário decidiu recuperar áreas degradadas da propriedade de cerca de 34 mil hectares. Carlos diz que realizou estudos em sua propriedade que identificaram queda de 50% do volume de chuva, desde os anos 1990.


“Já fazem treze anos que nós fazemos o reflorestamento com reforçamento de Acácia. Eu tenho observado um impacto na micro região. As chuvas estão começando a melhorar”, afirma Della.


Lá são produzidos comercialmente bovinos, suínos, equinos e muares, além de mel e madeira. Para a alimentação dos animais, Carlos Della ainda produz manga, mandioca, mamão, abóbora, melancia, entre outros vegetais.


Atualmente na Fazenda Paraná a apicultura e suinocultura já conquistaram a certificação de Produto Orgânico, e o objetivo é também certificar a produção de bovinos.


O fazendeiro acredita no potencial de Barra do Garças para desenvolver um modelo de produção rural sustentável. Para ele, um pacto entre os produtores ribeirinhos, apoiados por políticas ambientais, é capaz de promover a revitalização do curso dos Rios Garças e Araguaia na extensão do município.


“Depois fazer tratativas com municípios vizinhos, para preservar a área de APP, de forma que os donos das propriedades que margeiam os rios possam ter uma renda”, pontua.


Campos do Araguaia


Outra iniciativa importante na região tem o apoio da The Nature Conservancy que tem como um de seus valores, fornecer água e alimento de maneira sustentável, colaborando com as comunidades e apoiando novas tecnologias, além da promoção de políticas que objetivam o fortalecimento do desenvolvimento com sustentabilidade.


Trata-se do projeto Campos do Araguaia. Entre 2016 e 2019, o TNC atuou junto a 36 produtores rurais da região do Vale do Araguaia, numa área de aproximadamente 44 mil hectares, auxiliando os produtores desde a adequação ambiental e agrícola, a produção sustentável até a gestão financeira das propriedades e a orientação para recuperação ambiental.


O projeto Produzir, Conservar e Incluir (PCI-BG), projeto do Governo do Estado de Mato Grosso, também é outra iniciativa apoiada pelo TNC e tem como um de seus colaboradores o próprio CBH Alto Araguaia. O projeto PCI é uma estratégia de trabalho constituída nesses três pilares visando o desenvolvimento rural sustentável com a inclusão e a busca de garantia de rentabilidade aos agricultores familiares.


Neste aspecto, o CBH Alto Araguaia atua junto ao PCI desenvolvendo ações para o Programa de Revitalização da Bacia do Alto Araguaia, através do projeto de Recuperação Participativa da Área de Proteção Permanente do Córrego Fundo e o projeto Qualidade dos Recursos Hídricos Urbanos da Bacia.


Barra do Garças e o CBH Alto Araguaia


O município é representado no Comitê por diversas entidades, tais como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a OAB subseção Barra do Garças e a Prefeitura Municipal através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA).


A bióloga e docente universitária Tatiana Melo é coordenadora municipal de meio ambiente da SEMMA desde 2016 e é a atual titular representante da Prefeitura junto ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Araguaia.


Tatiana acredita que informações mais técnicas à respeito da qualidade dos cursos d’água do entorno de Barra do Garças - como as demonstradas nos projetos do CBH Alto Araguaia são necessárias para sensibilizar a população da importância da preservação dos ambientes aquáticos.


“As ações e informações geradas pelo Comitê contribuirão para uma melhor preservação ambiental e, também, para melhorias nas condições sanitárias da cidade, pois proporciona um maior conhecimento sobre as pressões antrópicas nos ambientes aquáticos no Alto Rio Araguaia”, afirma a coordenadora municipal de meio ambiente.


Desde junho deste ano, o CBH Alto Araguaia vem realizando coleta e análise de material biológico dos córregos urbanos de Barra do Garças, a fim de verificar a qualidade da água dos afluentes do Rio Garças e Rio Araguaia. Esta ação é parte do projeto Qualidade dos Corpos Hídricos da Bacia.


Uma análise preliminar apontou que o Córrego Avoadeira, um dos afluentes visitados pelo Comitê, encontra-se inapto para lazer. Após a conclusão das análises, o CBH Alto Araguaia deve apresentar propostas paliativas para amenizar os impactos ambientais que possam ser identificados.


Conheça o CBH Alto Araguaia


Instituído em 2019, o Comitê atua como uma ferramenta de ação política para a conservação das águas dos afluentes da bacia do Alto Araguaia. Conhecido como o “parlamento das águas”, o CBH abre espaço para que entidades e representantes da sociedade civil possam debater e deliberar propostas para utilização sustentável dos recursos hidrográficos da região. Além do Alto Araguaia, existem outros nove comitês atuantes em Mato Grosso.


O CBH Alto Araguaia atua nas regiões próximas ao curso dos rios Garças e Araguaia, atendendo às demandas das cidades mato-grossenses de Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari, Araguainha, Barra do Garças, General Carneiro, Guiratinga, Pontal do Araguaia, Ponte Branca, Ribeirãozinho, Tesouro e Torixoréu.


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